
Pastor é assassinado após pagamento de resgate na Nigéria
O trágico assassinato do pastor James Audu Issa, líder da Igreja Evangélica Winning All (ECWA), ocorreu no dia 2 de outubro de 2025, evidenciando a crescente violência anticristã na Nigéria. O pastor foi sequestrado em sua residência, localizada dentro do complexo da igreja, e mesmo após o pagamento de um resgate de 5 milhões de nairas (aproximadamente US$ 3.125), sua vida foi ceifada por seus sequestradores.
O crime foi atribuído a homens armados, associados a milícias Fulani, um grupo étnico predominantemente muçulmano presente em várias regiões da África Ocidental. Inicialmente, os sequestradores exigiram um resgate de 100 milhões de nairas, mas, após negociações com a família e a comunidade, o valor foi reduzido. Contudo, a entrega do montante não garantiu a segurança do pastor, que foi encontrado morto em uma área desértica.
Peter Kolo, um morador local, expressou sua indignação: “É uma crueldade sem limites. Ele era um homem pacífico, morto por causa da fé que professava.” O reverendo Romanus Ebeneokodi, porta-voz da ECWA, também lamentou a morte do pastor, destacando a dor deixada para sua esposa, filhos e a comunidade que ele servia.
Um cenário alarmante e crescente de violência
A situação de violência contra cristãos na Nigéria tem se intensificado nos últimos anos, e o caso do pastor James Audu Issa é apenas um dos muitos que ilustram essa realidade. Organizações de direitos humanos e grupos religiosos têm denunciado um padrão alarmante de ataques a cristãos, muitas vezes perpetrados por militantes que se identificam com a ideologia extremista.
Embora nem todos os membros do povo Fulani estejam envolvidos em atos de violência, facções extremistas têm adotado táticas semelhantes às de grupos jihadistas como Boko Haram e ISWAP, que têm como alvo a população cristã. Um relatório do Parlamento Britânico de 2020 apontou que certos grupos Fulani demonstram uma intenção clara de atacar comunidades cristãs e destruir símbolos da fé cristã. Na região central e norte da Nigéria, ataques sistemáticos a aldeias cristãs têm sido associados a tentativas de tomar terras agrícolas e impor uma agenda religiosa islâmica, muitas vezes em meio a desafios como a desertificação e a escassez de recursos.
Números alarmantes
De acordo com a Lista Mundial da Perseguição 2025, publicada pela organização Portas Abertas, a Nigéria é considerada o país mais perigoso para cristãos em todo o mundo. Das 4.476 mortes registradas em razão da fé cristã, 3.100 ocorreram na Nigéria, representando cerca de 69% do total global. O relatório destaca não apenas a violência física, mas também o colapso da segurança em diversas áreas do país, onde o controle do governo é precário e a população cristã enfrenta sequestros, violências sexuais, execuções e invasões armadas.
Além disso, novos grupos jihadistas, como o Lakurawa, que mantém vínculos com a Al-Qaeda, têm surgido, utilizando armamentos avançados e estratégias de expansão que aumentam a insegurança em várias regiões. A situação se torna ainda mais crítica quando se considera que o sequestro para resgate se tornou uma prática lucrativa para grupos armados, alimentando um ciclo de violência e impunidade.
A resposta da comunidade internacional
Organizações de direitos humanos e grupos de defesa da liberdade religiosa têm instado a comunidade internacional a pressionar o governo nigeriano a tomar medidas efetivas para proteger os cidadãos, especialmente os cristãos que enfrentam perseguições. A resposta do governo tem sido considerada inadequada, e muitos questionam a falta de ação diante de um cenário tão alarmante de violência.
Enquanto isso, os cristãos na Nigéria continuam a viver sob uma constante ameaça, simplesmente por professarem sua fé. O assassinato do pastor James Audu Issa não é apenas uma tragédia pessoal, mas um reflexo de uma crise mais ampla que afeta milhões de pessoas no país. A necessidade de um compromisso firme por parte das autoridades e da comunidade internacional é mais urgente do que nunca, para que vidas possam ser salvas e a liberdade religiosa possa ser garantida a todos.