
Pastor Paquistanês Morre Após 13 Anos de Prisão Injusta
O caso de Zafar Bhatti, um pastor cristão no Paquistão, destaca as severas injustiças enfrentadas por indivíduos acusados de blasfêmia em países onde a liberdade religiosa é severamente restringida. Após passar 13 anos na prisão por uma falsa condenação, Bhatti faleceu de parada cardíaca apenas três dias após ser absolvido de todas as acusações.
Bhatti, de 62 anos, era o fundador da Igreja da Missão Mundial de Jesus e foi preso em julho de 2012, na cidade de Rawalpindi, na província de Punjab, após um clérigo local alegar que ele havia enviado mensagens de texto insultando a mãe do profeta islâmico Maomé. Essa acusação levou a um processo sob o Artigo 295(C) do Código Penal do Paquistão, que prevê a pena de morte para aqueles que supostamente profanam o nome do profeta.
Condições Desumanas na Prisão
Durante seu tempo na Prisão de Adiala, a saúde de Bhatti sofreu um rápido declínio. Ele era diabético e tinha doenças cardíacas, tendo sofrido dois ataques cardíacos leves enquanto estava sob custódia. Seu advogado, Saif ul Malook, havia solicitado repetidamente a fiança por razões médicas, argumentando que as condições da prisão eram inadequadas e estavam deteriorando ainda mais a saúde do pastor.
Bhatti sempre alegou sua inocência e foi submetido a torturas para confessar um crime que não cometeu. Em 2017, ele foi condenado à prisão perpétua, mas seu caso permaneceu em um limbo de apelação por anos, com mais de 47 audiências agendadas entre sua condenação e a eventual absolvição. Cada uma dessas audiências foi adiada sem resolução, perpetuando sua situação angustiante.
Libertação e Falecimento
Em setembro de 2023, um tribunal superior finalmente absolveu Bhatti, e sua libertação foi recebida com celebrações por sua família e apoiadores. Juntamente com sua esposa, Nawab Bibi, ele estava esperançoso após a liberdade, embora ainda debilitado fisicamente. Infelizmente, ele desmaiou antes que a família pudesse providenciar atendimento médico e faleceu rapidamente após a sua saída da prisão.
A morte repentina de Bhatti chocou a comunidade cristã no Paquistão, que há muito tempo lutava por sua liberdade. Bibi, em entrevistas anteriores, havia expressado a dor e o sofrimento que ambos enfrentaram durante os anos de encarceramento. Ela relatou que seu marido enfrentava ameaças diárias e abusos físicos dentro da prisão, o que gerava um constante medo pela vida dele.
Impacto das Acusações de Blasfêmia
As leis de blasfêmia no Paquistão são amplamente criticadas por grupos de direitos humanos, que argumentam que essas normas são frequentemente utilizadas para perseguir minorias religiosas, resolver vinganças pessoais ou incitar violência. A Portas Abertas EUA e outras organizações de monitoramento destacam que as condenações são frequentemente baseadas em evidências escassas ou inexistentes, e os processos podem se arrastar por anos.
O diretor executivo da Christian Solidarity Worldwide (CSW), Scot Bower, comentou que o caso de Bhatti ilustra como a legislação pode ser manipulada para punir inocentes. Ele pediu indenização à viúva de Bhatti e exigiu a revogação das disposições sobre blasfêmia no Paquistão, afirmando que essas leis são redigidas de forma vaga e frequentemente mal utilizadas.
Uma Luta Contínua por Justiça
A morte de Zafar Bhatti não é apenas uma tragédia pessoal, mas também um chamado à ação para a comunidade global em defesa da liberdade religiosa e dos direitos humanos. A luta por justiça e igualdade continua para muitos que, como Bhatti, enfrentam injustiças severas devido a acusações de blasfêmia. A esperança é que, a partir de casos como o dele, as vozes que clamam por mudança sejam ouvidas e que a liberdade de crença seja respeitada em todo o mundo.