Pastor e Quatro Cristãos Sul-Sudaneses Presos no Sudão
Em uma recente ação policial que chocou a comunidade cristã, um pastor e mais quatro cristãos foram detidos no Sudão durante uma reunião de oração fúnebre. O incidente ocorreu em 16 de agosto na região de El-Haj Yousif, localizada no distrito de East Nile, ao norte da capital Cartum. A prisão foi confirmada por líderes religiosos locais, que expressaram sua preocupação com a crescente repressão contra cristãos no país.
Detalhes da Prisão
O pastor Peter Perpeny, que lidera a Igreja Presbiteriana do Sudão, foi um dos detidos. Os outros quatro cristãos, todos sul-sudaneses, foram presos sob alegações de que estariam em situação irregular no país. No entanto, até o momento, não foram apresentadas acusações formais contra eles, nem foram informados sobre possíveis deportações. As autoridades do Sudão têm intensificado as operações de deportação de estrangeiros, especialmente na esteira da guerra civil que assola a região.
Contexto de Perseguição
A situação dos cristãos no Sudão tem se deteriorado significativamente desde o início do conflito armado em abril de 2023. Com o aumento das tensões entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e as Forças de Apoio Rápido (RSF), muitos cristãos vivem com medo constante de serem alvos de perseguições e prisões arbitrárias. Relatos de líderes da igreja indicam que a polícia tem realizado batidas em busca de cidadãos sul-sudaneses e etíopes, aumentando o clima de medo e insegurança entre as comunidades cristãs.
Reações e Consequências
Os cristãos detidos foram levados para a Prisão de Omdurman, onde a situação parece ser alarmante. Uma detenta informou que a polícia exigiu o pagamento de uma quantia equivalente a 600.000 libras sudanesas (aproximadamente US$ 995) para evitar uma pena de seis meses de prisão, o que levanta suspeitas de que essa prática seja uma forma de suborno. Extremistas muçulmanos têm utilizado as redes sociais para incitar as autoridades a prenderem cristãos sul-sudaneses, tornando o ambiente ainda mais hostil.
Impacto da Guerra Civil
Desde o início da guerra civil, em abril de 2023, o Sudão tem enfrentado um aumento no número de ataques contra cristãos, resultando em mortes e abusos sexuais, além da destruição de propriedades religiosas. O relatório da Lista Mundial de Perseguição (WWL) de 2025, publicado pela Portas Abertas, revela que as condições para os cristãos no Sudão se tornaram insustentáveis, com igrejas sendo bombardeadas e saqueadas por facções em conflito.
Realidade dos Cristãos no Sudão
Cristãos de diversas origens estão sendo afetados pelo caos gerado pela guerra civil. A situação é particularmente crítica em áreas controladas pelas RSF, que têm como alvo aqueles que supostamente apoiam o outro lado do conflito. O relatório da WWL destaca que as forças em conflito no Sudão têm atacado sistematicamente cristãos, acusando-os de se aliar a uma ou outra facção.
Histórico de Perseguição Religiosa
O Sudão é classificado como um dos países onde a perseguição religiosa é mais severa. Na Lista Mundial da Perseguição de 2025, o Sudão ocupa a quinta posição entre os 50 países mais hostis para os cristãos, uma queda em relação à oitava posição do ano anterior. Após um breve período de liberdade religiosa após a deposição do ex-líder Omar Al-Bashir em 2019, o país viu o retorno de práticas repressivas com o golpe militar de outubro de 2021.
Desafios e Esperanças
Após a queda de Bashir, algumas reformas foram implementadas, como a revogação de leis que puniam a apostasia e a proibição de rotular grupos religiosos como “infieis”. Entretanto, o golpe militar trouxe de volta o temor de uma repressão severa. Apesar de a população cristã ser estimada em cerca de 2 milhões, representando 4,5% da população total, a luta pela liberdade religiosa e pelos direitos humanos no Sudão continua sendo um desafio significativo.
Conclusão
A prisão do pastor Peter Perpeny e de outros quatro cristãos sul-sudaneses é um reflexo da crescente intolerância religiosa e da instabilidade no Sudão. A comunidade cristã no país enfrenta desafios enormes, mas continua a perseverar em sua fé em meio à adversidade. A solidariedade internacional e a pressão por direitos humanos são essenciais para apoiar aqueles que lutam pela liberdade de crença no Sudão.