
Perseguição de Cristãos Aumenta Globalmente, Alertam Especialistas em Direitos Humanos
A perseguição de cristãos em diversas partes do mundo tem se intensificado de maneira alarmante, conforme afirmam especialistas em direitos humanos reunidos em Berlim, Alemanha. Durante uma coletiva de imprensa realizada no dia 15 de outubro, Thomas Schirrmacher, presidente da Sociedade Internacional de Direitos Humanos (ISHR), revelou que a situação enfrentada por comunidades cristãs tem se deteriorado, não apenas em termos de violência física, mas também por meio de discriminação legal e social.
O Estado Atual da Liberdade Religiosa
O lançamento dos anuários de 2025, intitulados “Liberdade Religiosa” e “Perseguição e Discriminação de Cristãos”, trouxe à tona preocupações sobre as crescentes ameaças à liberdade religiosa em nível global. Schirrmacher destacou que a violência direta, que inclui assassinatos e sequestros, é apenas uma parte do problema. Outras formas de perseguição incluem a discriminação social, restrições à vida pública e privada, e o controle severo sobre igrejas e atividades religiosas.
De acordo com Schirrmacher, a ascensão de regimes autoritários, o nacionalismo religioso e a instabilidade política estão contribuindo para um aumento geral da perseguição religiosa. Ele enfatizou que a liberdade religiosa é um direito humano fundamental, cuja proteção é crucial para a preservação de outras liberdades civis.
Estudos de Caso: Nigéria e Paquistão
Entre os exemplos mais alarmantes citados no anuário, a Nigéria se destaca. O país, previsto para se tornar o terceiro maior em população cristã até 2050, enfrenta uma onda de ataques por parte de grupos extremistas islâmicos como o Boko Haram e a Província do Estado Islâmico na África Ocidental (ISWAP). Esses grupos têm como alvo as comunidades cristãs, com frequência realizando ataques violentos, sequestros e assassinatos. Além disso, a destruição de locais de culto tem se tornado uma prática comum, gerando um clima de medo e incerteza que afeta toda a comunidade.
Outro país em situação crítica é o Paquistão, onde os cristãos enfrentam severas leis de blasfêmia. Apenas uma acusação pode resultar em ostracismo social, ataques violentos ou até mesmo processos judiciais. As meninas de minorias religiosas, como as cristãs e hindus, são particularmente vulneráveis a sequestros e casamentos forçados. Apesar de existirem leis que visam proteger esses indivíduos, a implementação dessas normas é frequentemente ineficaz, e a discriminação continua a ser um problema sério.
Apelo à Ação: Defesa da Liberdade Religiosa
Schirrmacher fez um apelo à comunidade internacional, instando políticos e cidadãos a defenderem a liberdade religiosa de forma robusta. Ele enfatizou que a proteção desse direito não deve ser tratada como uma questão política marginal, mas sim como um pilar fundamental da dignidade humana. “Onde termina a liberdade de crença, começa a erosão de outros direitos fundamentais”, alertou ele, ressaltando a interconexão entre diferentes formas de liberdade.
Além disso, ele apontou que a repressão a grupos religiosos minoritários não afeta apenas os cristãos, mas também outras comunidades de fé. A luta pela liberdade de crença deve ser inclusiva, abrangendo todas as religiões e crenças, já que a oposição à liberdade de consciência é uma ameaça comum a todos.
Contexto Global da Perseguição Religiosa
Schirrmacher identificou dois fatores principais que alimentam a perseguição global aos cristãos. Em primeiro lugar, estados autoritários, como China, Cuba e Coreia do Norte, veem os cristãos como uma ameaça e, consequentemente, os monitoram e reprimem. Em segundo lugar, movimentos político-religiosos militantes perpetuam a violência e a discriminação contra os cristãos, resultando em abusos e ataques sistemáticos.
Regiões como o Egito, Síria, Índia e Mianmar são exemplos onde os cristãos enfrentam opressão severa. Nos países islâmicos, como Afeganistão e Irã, a religião é utilizada como um instrumento de controle social, marginalizando as comunidades cristãs e outras minorias religiosas.
Importância do Diálogo Inter-religioso
Thomas Rachel, Comissário do Governo Federal da Alemanha para a Liberdade de Religião e Crença, destacou que a defesa da liberdade religiosa é um elemento crucial na política de direitos humanos do governo. Ele argumentou que o respeito por essa liberdade contribui para a paz e estabilidade mundial, e que a falta dela pode gerar conflitos e violência. Assim, o diálogo entre diferentes comunidades religiosas deve ser promovido como uma forma de fortalecer a coesão social e prevenir a radicalização.
A situação dos cristãos na Ucrânia também foi mencionada, com Johann Matthies, representante político da Evangelische Allianz Deutschland, ressaltando o papel fundamental das comunidades cristãs na construção da identidade nacional ucraniana. Ele denunciou a repressão que as igrejas independentes enfrentam sob o regime russo, que tem utilizado a religião como uma ferramenta de controle político.
Com a intensificação da perseguição religiosa em diversas partes do mundo, o apelo por ação e solidariedade se torna cada vez mais urgente. É fundamental que a comunidade internacional não ignore as vozes dos perseguidos e trabalhe em conjunto para promover a liberdade de crença e proteger os direitos humanos fundamentais.